terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Estudantes Guineenses em Dificuldades na Rússia



Investir na educação e na formação, constitui uma das melhores estratégias que os países têm, para conseguirem um elevado e sustentável nível de desenvolvimento económico e social! Pode-se mesmo afirmar que o investimento em educação, ciência e tecnologia, são decisivos para o desenvolvimento humano, social e económico de um país! Há mesmo quem considere a educação como um insumo e o desenvovimento económico como o produto final ou o “output”.
Por conseguinte, não haverá progresso sem uma escolaridade qualificada. A história recente é bem demonstrativa desta asserção! Ao analisarmos países bem sucedidos, em termos de progresso económico e social, como são os casos dos quatro tigres asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan,Hong Kong, e Singapura ) a China, a Irlanda ou a Espanha, para apenas citar alguns, que eram há pouco mais de trinta anos, países com sérias dificuldades sócio-económicas e baixos níveis de crescimento, notamos que possuem em comum, o facto de terem dado prioridade ao ensino, e ensino de qualidade para a sua população. E como resultado, são países que registam hoje um alto nível educacional tendo conseguido em poucos anos, feitos assinaláveis no domínio do desenvolvimento económico e humano, patentes em elevadas taxas de crescimento, melhoria no nível de emprego, significativo aumento do rendimento “per capita” e das exportações, para alé de serem merecedores de um grande respeito internacional. Este “intróito” vem a propósito da dramática situação em que se encontram os estudantes bolseiros guineenses na Federação Russa, que há dois anos não recebem a parca ( para não dizer miserável ) bolsa de 50€ por mês. Para sobreviverem alguns conseguem arranjar biscates, tabalhos nocturnos em discotecas, ou outro tipo de ocupação que lhes permita ganhar alguns rublos. Outros vivem da caridade dos estudantes gambianos que recebem uma bolsa do seu país seis vezes maior do que a dos guineenses. Chegaram a pensar ocupar de novo a Embaixada como forma de protesto e para chamar a atenção do governo para a situação em que se encontram! Porém o reforço da segurança na representação diplomática e o imenso frio que se faz sentir nesta altura, e a debilidade em que alguns se encontram, levaram-nos a desistir! São 53, o número actual de estudantes guineenses na Rússia. Outros, tendo terminado os seus cursos regressaram ao país, sem contudo terem levado consigo os seus diplomas, por não lhes terem sido entregues, devido à dívida que o governo guineense tem para com as instituições de ensino russas. Todos os quadros, fazem falta ao país, incluindo aqueles que se formaram ou estão em vias de se formarem na Federação Russa. Eles serão os dirigentes de amanhã, e o garante de um futuro melhor para a Guiné-Bissau. O país tem uma enorme carência de quadros a todos os níveis, e não pode dar-se ao luxo, de neglegenciar a formação dos mesmos. A Guiné -Bissau para se desenvolver e tornar-se competitivo precisa de gente qualificada e de boa capacidade técnico-profissional! Assim sendo, terá de apostar numa política de educação e formação de qualidade e de grande abrangência! O país não pode hipotecar o seu futuro! Por isso terá de investir na valorização do seu capital humano!
Conhecemos bem a real dimensão da crise guineense e sabemos que a situação financeira do país não é de molde a permitir a resolução de todos os problemas que se colocam ao governo! Mas há problemas e problemas! Há que definir prioridades. O que está em jogo é a sobrevivência de cidadãos guineenses, num país onde reina grande intolerância racial, a xenofobia e uma hostilidade inusitada para com os estudantes africanos. E é também, a própria dignificação do Estado Guineense que está em causa. Urge por conseguinte, uma resposta adequada por parte das autoridades guineenses, por forma a minorar o enorme sofrimento que esses nossos concidadãos estão a atravessar, permitindo-lhes assim, dar continuidade aos seus estudos, com maior dedicação, motivação e empenhamento.
Há que saber semear hoje, para colher amanhã!