quarta-feira, 9 de maio de 2007

África: Boa Evolução do PIB, Poucos Efeitos Sobre a Pobreza



No passado dia 13 de Abril o Fundo Monetário Internacional, divulgou o relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais para a Africa Subsariana, que faz o balanço da evolução da economia africana a sul do Sara em 2006 e as perspectivas para 2007. O relatório, revela que a África Subsariana vai no terceiro ano consecutivo de crescimento acima dos 5%, e em seis anos de crescimento acima dos 4%, e com uma previsão para o corrente ano entre 6 e 7%. O petróleo continua a ser o principal responsável por esta evolução. Entre os 44 países da região existem grandes diferenças na evolução das suas economias. Por exemplo, enquanto Angola teve um crescimento de 15,3% em 2006, o Zimbabué registou uma taxa negativa de -4,8%, e as perspectivas para 2007 serão de 35,3% para Angola e de -5,7% para o Zimbabué. A zona da UEMOA que integra oito países da Africa Ocidental, ficou abaixo da média da Africa Subsariana, com um crescimento médio de 3,6%. Dentro da UEMOA a Guiné-Bissau registou um crescimento inferior à média da União, com apenas 2,7%, ou seja cerca de metade da média da Africa Subsariana. Deste modo, a Guiné-Bissau registou em 2006 uma evolução negativa do PIB per capita de -0,3%. Contudo as projecções para 2007, dão pela primeira vez desde a guerra civil, um crescimento do PIB per capita de 2%. No conjunto da região subsariana a "performance" é satisfatória, e as perspectivas encorajadoras. Isso deve-se a uma melhoria na gestão macroeconómica, com estabilidade orçamental e baixa inflação, o perdão da dívida, a entrada no mercado da China e India e a alta dos preços das matérias-primas. Apesar disso, não se tem registado o recuo da pobreza! Qual a razão da sua persistência? A resposta de alguns economistas das N. Unidas e das organizações de Bretton Woods, é que o crescimento apesar de elevado, ainda não ser suficientemente vigoroso para fazer recuar a pobreza, apontando para uma taxa "mágica" de 7% como sendo aquela que teria um real impacto no combate à pobreza no continente. A ser assim, ( ainda está para ser provado ) a África Subsariana atingirá este ano o limiar dessa "taxa mágica" dos 7%, e consequentemente pela primeira vez em décadas, se registará a estagnação da pobreza com o seu posterior recuo. Pensamos contudo, que para a obtenção de um crescimento mais vigoroso, que permita o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a Africa ao sul do Sara, precisará de:
1. Diversificar a sua economia, e torná-la menos dependente das actividades extractivas, como o petróleo, os diamantes, o cobre, ou a bauxite;
2. Levar a cabo políticas demográficas, para reduzir os efeitos negativos que um rápido crescimento tem sobre o crescimento e o desenvolvimento económico. Mais de 40% do crescimento económico na Africa Subsariana, é absorvida pela taxa de de crescimento populacional ( 2,7% em 6,2% em 2006 ), o que conduz a que o crescimento do PIB per capita seja de apenas 2,3% para os países não produtores de petróleo. A esta taxa serão necessários 30 anos para duplicar um PIB extremamente baixo;
3. Elaborar e implementar melhores políticas redistributivas, investindo em áreas sociais ( saúde e educação ), e na criação de emprego;
4. Manter a estabilidade económica e política, de molde a criar um bom ambiente de negócios para o investimento nacional e estrangeiro. É impriscindível que se coarctem os riscos de instabilidade política e de conflitos, que pairam sobre alguns países africanos;
5. Apostar fortemente no desenvolvimento rural, que é um catalizador, do desenvolvimento económico, pois em ligação com os outros sectores, é um gerador considerável de emprego, de rendimento e de crescimento económico. A história revela-nos que muito poucos países registaram um rápido crescimento económico sem o desenvolvimento do sector agrícola. Quem diz sector agrícola diz, toda a activividade a juzante dele nomeadamente a agro-indústria. Por isso a agricultura deve estar na linha da frente das agendas nacionais, para a erradicação da pobreza.
Em resumo, a África Subsariana, precisa de dar o salto qualitativo no seu processo de desenvolvimento, libertando-se da dependência quase exclusiva do petróleo e outros recursos naturais, com todas as suas armadilhas e maldições.